7 de Maio de 1981
Norberto Pilar, Presidente do Conselho de Administração dos Correios e Telecomunicações de Portugal
Chefe de Gabinete de S.Exa o Secretário de Estado das Comunicações
Como resultado da Conferência Administrativa Mundial de Rádio de 1979, foi necessário rever a partilha do espectro radioeléctrico entre civis e militares. Tal revisão está a ser feita conjuntamente por delegados dos CTT e do EMGFA, dentro do princípio de que são os CTT a entidade responsável pela gestão do espectro. Dada a especificidade das Forças Armadas, o espectro foi repartido em 3 categorias de faixas:
- Faixas Militares (M) destinadas exclusivamente ao uso das Forças Armadas e cuja gestão é delegada no EMGFA; as Forças Armadas devem procurar alojar os seus equipamentos prioritariamente nestas faixas, só aceitando que elas sejam usadas para equipamento civil a título muito excepcional
- Faixas Partilhadas (P) cuja utilização fica subordinada à coordenação recíproca entre o EMGFA e os CTT, embora a gestão seja assegurada pelos CTT. Nestas faixas poderão instalar-se equipamentos civis ou militares
- Faixas Civis (C), de utilização geral, cuja gestão é feita directa e exclusivamente pelos CTT e onde a instalação de equipamento militar se pode fazer em condições idênticas às definidas para o equipamento civil
Verifica-se assim que não há reciprocidade de tratamento quanto à utilização das faixas C e M e os delegados dos CTT têm defendido que a instalação de equipamento civil nas faixas M deve ser feita nas mesmas condições em que o equipamento militar pode ser instalado nas faixas C, embora com acordo prévio do EMGFA.
Para além disso, o ENGFA defende que as Forças de Segurança devem ter tratamento idêntico ao das Forças Armadas, como resultado dum acordo entre Estados-Maiores das Forças Armadas e das Forças de Segurança.
Por que as Forças de Segurança estão enquadradas no Ministério da Administração Interna, desempenhando funções não especificamente militares, parece-nos que deveriam continuar a ter um tratamento destacado das Forças Armadas.
Atendendo a que se vai iniciar a 2ª fase de negociações para ultimar a definição da partilha civil/militar do espectro radioeléctrico solicita-se que estas temáticas sejam presentes a S.Exa. o Secretário de Estado das Comunicações no sentido de serem dadas instruções sobre se deveremos continuar a insistir nas posições até agora defendidas ou ceder às solicitações dos delegados do EMGFA.
De acrescentar que, feita uma comparação com a situação dos restantes países da NATO, se verifica que, em Portugal, as faixas M são já ligeiramente superiores às atribuídas noutros membros da Aliança.
A000322
Ofício